quinta-feira, 7 de julho de 2011
Arquitetura Sustentável
A arquitetura, como diretriz de um sistema de produção de edificações, precisa atender a mudança de paradigmas pelas quais estamos passando e vamos passar, em função do já instalado Aquecimento Global, que como uma doença grave, deve ser combatida no início, ou esperar por conseqüências mais funestas do que as já registradas e amplamente divulgadas pela mídia.
Definir sustentável é fácil, mas definir o que realmente deva ser uma Arquitetura Sustentável, que implica em rever todo processo histórico e cultural de produção, o econômico e o social, continuando pelos materiais escolhidos, passando pelo conforto térmico e chegando no dilema energético que se apresenta,e mais a questão das águas, do uso e tratamento dos efluentes, chegando à um quadro bastante difícil de pintar para conseguir dizer com propriedade: aqui está uma Arquitetura Sustentável!
qualquer tese desenvolvida a respeito, cria sistemas exatos sobre como tratar melhor o consumo energético, os efluentes, os materiais utilizados, as relações produtivas locais envolvidas, a climatização utilizando ventos dominantes, orientações solares adequadas, latitudes-longitudes, umidades relativas do ar, radiação solar local...mas, alguns elementos integrantes desse conjunto, pretenso sustentável, esbarram em outro conjunto não tão sustentável assim.
Exemplo: construo paredes de terra local, através de por exemplo, adobes, mas em função do projeto determinante, utilizo armadura CA-50 para fazer amarrações de encontros de paredes, e ou para absorver forças cortantes existentes no sistema estrutural concebido. A utilização da terra local, confeccionando adobes, utilizando como argamassa o próprio barro estercado ou com fibras, indica um padrão sustentável, ou seja, material abundante, próximo, barato, utiliza mão de obra local, resgata a sabedoria milenar e tradicional de "como fazer", privilegia comunidades locais, não degrada o ambiente quando da sua retirada para uso, existe em grande quantidade e é obtido do movimento de terra para estabelecer planos de construção, etc...enquanto o aço...mas, diriam alguns, sempre haverá algum componente construtivo nas condições do aço! Sim, hoje é assim.
O que se espera é que alguns elementos construtivos como o aço, o cimento, as cerâmicas, os vidros, e todos os elementos ligados a grandes sistemas de mineração, o petróleo seus derivados e suas indústrias dependentes,sejam substituidos por outros mais sustentáveis menos fadados, historicamente à extinção, ou nós seremos extintos.
Esses elementos de matéria prima e tantos outros que vão se inserindo no contexto construtivo e projetual fazem parecer uma anedota o que se chama de "arquitetura sustentável" hoje. Não que não seja possível existir já tal arquitetura, existem inúmeros exemplos pelo mundo, mas esta produção ainda está ligada à um "neo-hippismo", "neo-tribalismo-ecológico"ou qualquer outro adjetivo pejorativo criado pelo sistema econômico e social instalado, resistente às mudanças que não tragam lucros excessivos.
O que vemos hoje na mídia, sendo apregoado como sustentabilidade, não passa de um engodo, jargão de modismo para parecer que a empresa incolor é verde. A arquitetura, como forma de produção, criadora de produtos imobiliários, acaba sendo levada a mentir: criam-se mega-projetos "sustentáveis",como se mega-projetos o fossem; mostra um modo de viver igual e insustentável como antes, dentro de uma nova roupagem estética e eco-lógica-mente-correta.
Vi um anúncio de aptos que estavam sendo vendidos, onde constava que as churrasqueiras seriam ecológicamente corretas...bom que eu saiba, se não houver carvão, fumaça, uso de tijolos refratários e recozidos (que inseneram milhões de árvores como lenha, ou gastos energéticos altíssimos em fornos e autoclaves, sem falar na emissão de CO2 na atmosfera), nem carnes ( nem de boi nem de porco - sistemas sabidamente insustentáveis e depredadores do meio ambiente para extensão de pastos e pela emissão de gases metano na atmosfera - que é pior que o CO2) - aí essa churrasqueira seria ECOLOGICAMENTE CORRETA?
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