terça-feira, 18 de maio de 2021

Casa Cupe / MNMA studio, Pernambuco

















































“É o sol na barriga com um milhão de raios. O resto não é nada. É só por esse motivo que Matisse é Matisse — porque ele leva o sol na barriga. E é também o motivo por que, de tempos em tempos, algo acontece, a obra que se cria é uma espécie de diário”. (Pablo Picasso — Tériade, 1932).

Uma grande laje em amarelo circundada por uma varanda foi o partido que norteou o projeto intimista das Casas Cupe, situadas em uma antiga fazenda de coqueiros na região do Pontal do Cupe, Pernambuco, nordeste do Brasil. Um projeto que materializa sensações e busca formas mais harmoniosas de construção com a natureza. As casas de veraneio foram concebidas em uma região de acesso limitado de materiais e tecnologias contando com total localismo nos processos de execução e na escolha de materiais.
Houve todo um trabalho de uma equipe formada na grande maioria por trabalhadores de comunidades próximas, na grande maioria filhos de pescadores. Alguns experimentaram pela primeira vez trabalhar com materiais como concreto e cimento, comprovando que projetos inovadores, sustentáveis e com rigor técnico e construtivos, podem ser, acima de tudo, simples. Processos que no decorrer da realização tomaram o lugar de uma obra "convencional" para um verdadeiro trabalho artesanal.
A parte de equipamentos de infraestrutura ficou oculta de praticamente qualquer ponto de vista, devido ao cuidadoso posicionamento de um terraço e da natural angulação do telhado, criando ainda um mirante com vista frontal para o oceano. Manter a escolha de materiais que geram menos impacto ambiental foi premissa do projeto: parte da estrutura da casa projetada em eucalipto e madeira certificada, diminui o impacto de emissão de gás carbônico e gasto de energia no processo.
As paredes foram caiadas, um processo que usa um insumo natural resultante da transformação de rochas de Carbonato de Cálcio, dotada naturalmente de uma profunda ação fungicida sem elementos tóxicos e, por permitir a “respiração” das superfícies, age como um verdadeiro antídoto contra as umidades.
O forro é totalmente ripado por reaproveitamento de galhos que foram recolhidos ao longo do meses de execução para criar um efeito efêmero entre luz e espaço. O mobiliário de Sergio Rodrigues e de artesãos da Feira do Cariri (tradicional feira do Nordeste) preenchem a casa com objetos essenciais e com valor simbólico.

Fotografias: Andre Klotz 


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