domingo, 30 de maio de 2021

IN CASA - Casa Cubo

O Anatomia, sempre trás um jeito especial de morar. Com muito charme esta casa carioca, dita charme, conforto e bem estar. Casa Cubo, Barra da Tijuca Rio de Janeiro.
A escolha dos móveis e objetos decorativos foi um dos passos mais importantes do projeto. São esses elementos que ditaram as regras de como habitar essa casa. De dentro pra fora ou de fora pra dentro, a casa se comunica e trás fluides nos ambientes que são decorados com móveis de garimpo, dando aos espços uma identidade única.



A CASA CUBO É ARQUITETURA MODERNA, É CONCRETO E ESTRUTURA, É LUZ, COR E COMPOSIÇÃO. É INTEGRAR, CIRCULAR, FLUIR....













Um gênio do design industrial modernista brasileiro...


O modernismo foi um celero de grandes talentos icônicos para a cultura do mobiliário brasileiro. 
Não poderíamos deixar de destacar, um dos maiores nomes desse momento do design, Jorge Zalszupin.
Zalszupin nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 1922, e fugiu para a Romênia a fim de terminar seus estudos quando sua terra natal foi invadida na Segunda Guerra Mundial. Trabalhou por alguns meses em Dunquerque, no norte da França. De lá, decidiu imigrar para o Brasil, inspirado na arquitetura de Oscar Niemeyer. Chegou aqui em 1949, no Rio de Janeiro.
A demanda por móveis na década de 1950 fez Zalszupin começar a desenhar móveis alinhados com a arquitetura da época. Em 1959, fundou a icônica marca L’Atelier.
Seu estilo único e sofisticado fez com que alguns de seus móveis fossem utilizados nos palácios oficiais de Brasília, convivendo entre obras de Burle Marx, Portinari, Di Cavalcanti, entre outros expoentes da Arte nacional.
Dessa seleta relação, podemos destacar as poltronas amarelas do plenário do Supremo Tribunal; a Kiko, desenhada para o Itamaraty, e a Navona, ambas assinadas por Sérgio Rodrigues.
A atuação de Zalszupin como arquiteto também foi extraordinária, tendo contribuído ativamente para a modernização da arquitetura brasileira, a partir dos anos 1950. Pode-se, inclusive, dizer que boa parte da sua produção moveleira é tributária da arquitetura, das novas tendências e linguagens, bem como de uma visão funcional dos espaços interiores.
Em São Paulo, a arquitetura de Zalszupin consagrou o nome de seu criador em importantes projetos, desde casas de alto padrão a edifícios comerciais como a loja da Air France da Rua São Luiz; a decoração do Teatro Cultura Artística (reforma de 1959); o edifício Aquarius; o famoso Top Center da Paulista e o edifício Mendes Caldeira, situado na Praça da Sé, criado em parceira com Lucian Korngold.
No início dos 60s, não havia móveis à altura das linhas despojadas e leves dos novos edifícios e residências que surgiam. Foi então que Zalszupin criou a L’Atelier, numa bem-sucedida sintonia do seu design moveleiro com seus projetos residenciais. Como ele mesmo definiu: “Os clientes procuravam móveis convencionais, com proporções, com suportes em latão, enfim, coisas simples e bem limpas. Digamos que eram artigos bem acabados, que trabalhavam a madeira com carinho, como na produção dinamarquesa”. Foi também Zalszupin que adotou com pioneirismo a prática de projetar em equipe, como formato criativo da L’Atelier.
Com o tempo, a difusão do mobiliário moderno estendeu-se ao mobiliário profissional. Foi assim que Zalszupin começou a atuar também no mobiliário para escritório, iniciando a tão almejada produção em série e industrializada. Posteriormente, em 1970, a L’Atelier foi adquirida pelo Grupo Forsa, dono da Hevea, onde Zalszupin pode ampliar sua atuação para a produção de produtos em plástico. Aí veio outra grande sacada de Zalszupin: ele percebeu que poderia “catequizar” os brasileiros para o bom design a partir de objetos de uso diário. E foi isso que fez, com ícones do design industrial como a linha Eva, que contemplava desde a famosa geleira à banheirinha anatômica, potes de conserva e colheres de medida. Tudo no mais alto estilo do design moderno com acessibilidade.
Do jacarandá ao plástico, a trajetória de Zalszupin contribuiu para a diversificação de modelos, o aprimoramento da qualidade e do design não apenas do setor moveleiro, mas de todo um habitat moderno.
Para saber mais sobre “o cara” que é a cara do Design Moderno nacional, leia o livro Design Moderno no Brasil, disponível para venda na Desmobilia. Se quiser levar um pouco do talento de Zalszupin para o seu dia a dia, a Desmobilia também disponibiliza algumas de suas criações emblemáticas, como a poltrona Kiko.
Impossível não ser fã da elegância, funcionalidade e modernidade desse polonês-brasileiro, que sobreviveu às rígidas condições quando imigrou de seu país natal ao Brasil em 1950, para revolucionar com sua atitude criativa e muitas vezes lúdica, o olhar, a estética e a produção do Design e da Arquitetura brasileiros.








sábado, 29 de maio de 2021

Casa Don Juan / Emilio López Arquitecto, EQUADOR

A Casa Don Juan está localizada no alto de uma colina muito próxima do mar. Orientada no sentido leste-oeste, o edifício abre sua frente para o mar e na parte posterior para um pequeno bosque nativo. A abertura dupla permite ventilação cruzada e gera uma importante relação com o entorno.
O conceito de abertura dupla moldou a arquitetura, que é concebida como dois funis que convergem em um dos lados. Dois níveis de plantas livres se conectam através do pé-direito duplo. A sala de estar, sala de jantar, cozinha e banheiro são distribuídos no térreo. Dois dormitórios orientados para o oceano estão no pavimento superior. Toda a estrutura é realizada com madeira da região. A cobertura é de painel de fibrocimento, enquanto as fachadas internas são revestidas com painéis feitos de bambu, permitindo uma sensação de materiais quentes dentro do interior, sem comprometer a proteção do exterior da casa.














                        Fotografias: Jag Studio

FOTÓGRAFO REGISTRA AS OBRAS INACABADAS DE NIEMEYER NO LÍBANO



As formas arredondadas, as curvas e o ar moderno de Oscar Niemeyer cruzaram o oceano e chegaram até o Oriente Médio. Em 1962, o arquiteto desembarcava no norte do Líbano, mais precisamente em Trípoli, a segunda maior cidade do país. Após estudos e projetos, ali ficariam suas obras, em um complexo onde ocorreria a Feira Internacional Rashid Karami.
As obras não foram concluídas e ainda hoje persistem, com marcas das guerras, dos conflitos, do tempo e da tentativa de levar modernidade ao país, entre as décadas de 60 e 70.


As imagens destas obras inacabadas foram registradas pelo fotógrafo libanês Anthony Saroufim, que se destaca por trabalhos que relacionam a arquitetura e a fotografia. Com traços que se assemelham a Brasília ou às construções do Parque do Ibirapuera em São Paulo, os trabalhos do arquiteto em Trípoli, hoje em ruínas, ainda guardam um simbolismo de qual era o objetivo com o convite do arquiteto brasileiro, que havia acabado de construir Brasília, e que era o representante do modernismo e da possibilidade de progresso a partir da arquitetura.



DE ESPAÇO PARA FEIRA À BASE MILITAR

Em um espaço de 10 mil metros quadrados, os trabalhos do brasileiro não foram finalizados devido à eclosão da guerra civil em 1975. O espaço então passou de centro de exposições a uma base militar, que foi utilizada por diferentes milícias, e serviu inclusive para depósito de armas do Exército da Síria durante os conflitos. 



O início do projeto mostrava números grandiosos para aquele espaço, que ocuparia no total uma área de um milhão de metros quadrados, com 15 obras, além de jardins e boulevards.
Niemeyer tinha objetivos um pouco diferentes para o que se desenhou posteriormente na cidade portuária de Trípoli. Ele projetava o espaço mais próximo ao Mar Mediterrâneo, o que não foi concretizado. Hoje, inclusive, são apontadas falhas no projeto.

POR QUE NIEMEYER?

O arquiteto representava o modernismo, o técnico unido à beleza das formas e às características da natureza. Para um país que vinha de um período, em anos anteriores, de investimentos estrangeiros e crescimento econômico, os trabalhos de Niemeyer eram a ideia de progresso e futuro. A cidade de Trípoli estava começando a se desenvolvida, para além da capital do país.


A própria posição política de Niemeyer e o contexto histórico do período no Líbano influenciaram o convite. Oscar Niemeyer aceitou, mesmo em meio a outros projetos que desenvolvia na época.

O PRESENTE E FUTURO DAS OBRAS INACABADAS DE NIEMEYER

O espaço, “parado no tempo”, está fechado ao público. Há divergências entre os moradores da cidade quanto à reconstrução ou não na região, o que muitos consideram um “elefante branco” – vale saber que Niemeyer não é conhecido por todos de lá. Em meio às obras deterioradas e marcas dos conflitos que ali aconteceram, ainda restam esperanças, apesar de incertas, de uma revitalização do local.




A instabilidade política no país, vizinho a Síria, é um dos principais motivos. Já houve diferentes tentativas de revitalização que, apesar de tudo, recebe cuidados principalmente em seus jardins. Uma delas foi de uma empresa norte-americana, da Califórnia, que propunha um parque temático. Outro exemplo aconteceu há pouco mais de dez anos, quando a ONG Fundo Mundial de Monumentos considerou a Feira Intercional Rashid Karami como uma das cem esculturas mais ameaçadas do mundo.

Projetos de revitalização, na época, foram bastante divulgados para a região, mas nada foi concretizado. A situação política local foi o principal motivo.


Sempre esperamos a preservação ou revitalização de uma obra arquitetônica. Mas neste caso, a esperança passa a ser maior. Não apenas por ser o trabalho do arquiteto brasileiro, mas pelo simbolismo do progresso e futuro de uma região que enfrenta conflitos há anos. Espera-se que as obras retomem o objetivo inicial, e em tempos novos, e que estes sejam de paz.





Imagens: Anthony Saroufim. Referências: Archdaily, Folha de São Paulo, O Globo, Casa Claudia

sexta-feira, 28 de maio de 2021

As imagens da cidade de Kevin Lynch através de fotografias aéreas

“Parece haver uma imagem pública de qualquer cidade que é a sobreposição de muitas imagens individuais. Ou talvez exista uma série de imagens públicas, cada qual criada por um número significativo de cidadãos.” – Kevin Lynch


A partir desta observação, Kevin Lynch, em seu livro " Aimagem da cidade" (1960), inicia uma análise em torno de quais seriam os elementos constituintes daquilo que considera como imagem da cidade. 
Ao apresentar, descrever e exemplificar estes elementos como objetos físicos perceptíveis, Lynch pondera que outros fatores não físicos como a memória, a função e o próprio nome da cidade também atuam significativamente na construção dessa(s) imagem(ns).
Enquanto um conjunto de elementos, é impossível que sejam dissociados e aplicados de forma exclusiva para uma situação específica nas cidades. Isto é, a Place Charles-de-Gaulle, em Paris por exemplo, onde está localizado o Arco do Triunfo, poderia ser ao mesmo tempo ponto nodal e marco visual, assim como o relevo montanhoso nos arredores de Antofagasta, no Chile, pode ser considerado tanto um limite e como um marco. Ou seja, nenhum dos elementos propostos por Lynch existe de forma isolada em uma situação concreta e, portanto, o autor conclui que apesar da sua análise se iniciar pela diferenciação e categorização de dados, deve concluir com a sua “reintegração à imagem total”.
Os elementos constituintes da imagem da cidade também podem ser reconhecidos e interpretados de diferentes maneiras a depender do observador e do contexto em que são analisados. Assim, as imagens aéreas apresentadas a seguir para ilustrar os cinco elementos constituintes da imagem da cidade propostos por Lynch revelam uma categorização mutável, interrelacionada e associada a um ponto de vista específico.




Vias

Lynch descreve as vias como os “canais de circulação ao longo dos quais o observador se locomove de modo habitual, ocasional ou potencial”. Estes canais podem, portanto, ser não só ruas, alamedas e avenidas, mas também vias aquáticas, ferrovias e qualquer outro meio utilizado para circulação nas cidades. As fotografias aéreas da cidade de Bruxelas (Bélgica) e do subúrbio de Dagenham (Inglaterra) revelam as diferenças nas conformações das suas vias.




Limites

Os limites seriam a quebra da continuidade de determinada área, fronteiras (penetráveis ou não) que determinam uma diferença entre localidades, mas também a relação entre elas. Neste sentido, podem ser considerados limites os muros, paredes, corpos d’água, ferrovias, etc. Dois exemplos distintos de limites são os muros ao redor de Lucca, na Itália, e os limites constituídos tanto pelo relevo montanhoso como pelo litoral na cidade de Antofagasta, no Chile.




Bairros

Determinados por suas extensões bidimensionais, os bairros se configuram como uma divisão formal muito recorrente das áreas da cidade. Estes agrupamentos, orientados pela região que ocupam, mas também por um ou mais critérios obtidos a partir de suas características comuns, são base referencial para muitas cidades. Na região central de Madri (Espanha) é possível perceber os diferentes bairros a partir das mudanças nas dimensões dos lotes e no traçado das vias, assim como na região central da cidade de Thessaloniki (Grécia), onde, após um grande incêndio ter destruído grande parte da cidade em 1917, houve uma reconstrução do traçado a partir de um desenho mais geométrico e ordenado.




Pontos nodais

Junções, cruzamentos e convergências de vias e momentos de passagem de uma estrutura para outra são alguns dos exemplos citados por Lynch como pontos nodais nas cidades. Apesar desses exemplos sempre remeterem à ideia de movimento, o autor afirma que os pontos nodais podem ter natureza tanto de conexões como de concentrações, como é o caso dos pontos de encontro em esquinas e praças. Essas características ficam claras ao observar tanto a imagem aérea de La Plata na Argentina, como a da Plaça de Tetuan, em Barcelona (Espanha), pois ambas retratam pontos nodais conformados pelo cruzamento de vias e presença de praças.





Marcos

Como pontos de referência externos, os marcos visuais se distinguem dos pontos nodais por não serem penetráveis. Ainda que o marco possa ser um edifício e, portanto, ser possível ser acessado, é utilizado pelo observador apenas como referência visual externa. Os marcos podem ter menores ou maiores escalas, podendo variar de pequenas placas de sinalização a torres, montanhas, ou até mesmo o Sol. Dois exemplos de marcos muito conhecidos são a Estátua da Liberdade, em Nova York (Estados Unidos) e as Torres Asinelli e Garisenda, em Bolonha (Itália).





                 Texto escrito por Susanna Moreira
                           31 de Janeiro de 2021