O modernismo foi um celero de grandes talentos icônicos para a cultura do mobiliário brasileiro.
Não poderíamos deixar de destacar, um dos maiores nomes desse momento do design, Jorge Zalszupin.
Zalszupin nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 1922, e fugiu para a Romênia a fim de terminar seus estudos quando sua terra natal foi invadida na Segunda Guerra Mundial. Trabalhou por alguns meses em Dunquerque, no norte da França. De lá, decidiu imigrar para o Brasil, inspirado na arquitetura de Oscar Niemeyer. Chegou aqui em 1949, no Rio de Janeiro.
A demanda por móveis na década de 1950 fez Zalszupin começar a desenhar móveis alinhados com a arquitetura da época. Em 1959, fundou a icônica marca L’Atelier.
Seu estilo único e sofisticado fez com que alguns de seus móveis fossem utilizados nos palácios oficiais de Brasília, convivendo entre obras de Burle Marx, Portinari, Di Cavalcanti, entre outros expoentes da Arte nacional.
Dessa seleta relação, podemos destacar as poltronas amarelas do plenário do Supremo Tribunal; a Kiko, desenhada para o Itamaraty, e a Navona, ambas assinadas por Sérgio Rodrigues.
A atuação de Zalszupin como arquiteto também foi extraordinária, tendo contribuído ativamente para a modernização da arquitetura brasileira, a partir dos anos 1950. Pode-se, inclusive, dizer que boa parte da sua produção moveleira é tributária da arquitetura, das novas tendências e linguagens, bem como de uma visão funcional dos espaços interiores.
Em São Paulo, a arquitetura de Zalszupin consagrou o nome de seu criador em importantes projetos, desde casas de alto padrão a edifícios comerciais como a loja da Air France da Rua São Luiz; a decoração do Teatro Cultura Artística (reforma de 1959); o edifício Aquarius; o famoso Top Center da Paulista e o edifício Mendes Caldeira, situado na Praça da Sé, criado em parceira com Lucian Korngold.
No início dos 60s, não havia móveis à altura das linhas despojadas e leves dos novos edifícios e residências que surgiam. Foi então que Zalszupin criou a L’Atelier, numa bem-sucedida sintonia do seu design moveleiro com seus projetos residenciais. Como ele mesmo definiu: “Os clientes procuravam móveis convencionais, com proporções, com suportes em latão, enfim, coisas simples e bem limpas. Digamos que eram artigos bem acabados, que trabalhavam a madeira com carinho, como na produção dinamarquesa”. Foi também Zalszupin que adotou com pioneirismo a prática de projetar em equipe, como formato criativo da L’Atelier.
Com o tempo, a difusão do mobiliário moderno estendeu-se ao mobiliário profissional. Foi assim que Zalszupin começou a atuar também no mobiliário para escritório, iniciando a tão almejada produção em série e industrializada. Posteriormente, em 1970, a L’Atelier foi adquirida pelo Grupo Forsa, dono da Hevea, onde Zalszupin pode ampliar sua atuação para a produção de produtos em plástico. Aí veio outra grande sacada de Zalszupin: ele percebeu que poderia “catequizar” os brasileiros para o bom design a partir de objetos de uso diário. E foi isso que fez, com ícones do design industrial como a linha Eva, que contemplava desde a famosa geleira à banheirinha anatômica, potes de conserva e colheres de medida. Tudo no mais alto estilo do design moderno com acessibilidade.
Do jacarandá ao plástico, a trajetória de Zalszupin contribuiu para a diversificação de modelos, o aprimoramento da qualidade e do design não apenas do setor moveleiro, mas de todo um habitat moderno.
Para saber mais sobre “o cara” que é a cara do Design Moderno nacional, leia o livro Design Moderno no Brasil, disponível para venda na Desmobilia. Se quiser levar um pouco do talento de Zalszupin para o seu dia a dia, a Desmobilia também disponibiliza algumas de suas criações emblemáticas, como a poltrona Kiko.
Impossível não ser fã da elegância, funcionalidade e modernidade desse polonês-brasileiro, que sobreviveu às rígidas condições quando imigrou de seu país natal ao Brasil em 1950, para revolucionar com sua atitude criativa e muitas vezes lúdica, o olhar, a estética e a produção do Design e da Arquitetura brasileiros.