Localizado em uma das ruas mais antigas e tradicionais de Porto Alegre, esse apartamento ilustra claramente o momento de recuperação pelo qual o centro histórico porto-alegrense passa. Embora as calçadas do entorno da Casa de Cultura Mario Quintana sejam pontos de encontro dos criativos e da classe artística, o interior das quadras foi negligenciado, resultando em abismos urbanos sem vida.
O apartamento possuia, em sua planta original, um grande pátio, resultado direto das necessidades de ventilação iluminação dos pavimentos superiores, sem relação clara com a configuração interna do apartamento. Ao transformar metade desse jardim em um estúdio com acesso exterior independente, amplia-se não somente a área construída do imóvel como também as possibilidades de apropriação da área externa que agora se abre tanto para esse novo cômodo quanto para a copa.
A sala de estar, principal ponto de encontro no apartamento, recebeu uma conversadeira: um móvel que estabelece um diálogo entre o interior e o exterior, uma interface híbrida que permite a maximização de uso de todos esses espaços.
A escolha de materiais para a obra buscou reestabelecer a relação com o entorno ao dialogar com a estética predominante nos prédios tradicionais do Centro Histórico. A manutenção do parquet original, somada à utilização de ladrilho hidráulico e de pedra portuguesa, constrasta com o cimento queimado e estrutura metálica do estúdio, resultando em uma composição coerente e aconchegante onde o novo e o tradicional se complementam, como em uma alusão às calçadas da Rua dos Andradas.