arquitetar

"Procurar as orgânicas,os movimentos espontâneos,isto é, compreender a natureza para depois demarcar na geografia.A construção também tem que ser uma desconstrução.É necessário reflectir e inflectir.Procurar estar na essência da geometria.Resolver, encontrar o arco, ligar dois pontos, enfrentar um projeto e uma ideia, empreender uma lógica, um mundo."

quarta-feira, 30 de junho de 2021

Casa Boreal / Nommo Arquitetos, CURITIBA, Paraná


A casa Boreal está localizada em um condomínio fechado no bairro Abranches, ao norte de Curitiba. O lote, com sete metros de largura e dezoito metros de profundidade, tem casas coladas nas duas laterais. A casa foi idealizada para comercialização. A premissa dos incorporadores era criar um produto com um bom espaço externo, luz e insolação qualitativas, além de cumprir o programa básico para uma família de quatro pessoas. Buscamos criar a identidade do projeto inspirados no bairro e na história dos seus imigrantes. Baseado no desenho básico de suas antigas casas, chegamos a um volume elegante e ao mesmo tempo acolhedor, com telhado de duas águas e revestimento de madeira. A planta se distribui de maneira eficaz por três pavimentos: térreo, superior e sótão, totalizando 167,92m² de área construída.
No térreo, a garagem semicoberta para dois carros é a primeira extrusão de um volume puro, deixando a sensação de que a casa se apoia nos vizinhos laterais. O quaradouro e lavanderia encontram-se ao lado da garagem, buscando o sol da manhã e deixando o pátio dos fundos livre. Pelo acesso frontal temos um pequeno lavabo à esquerda e a cozinha aberta à direita. A escada está no plano lateral da planta, deixando a área social – composta de cozinha, sala de estar, jantar, jardim e churrasqueira – totalmente integrada, totalizando 65m².
No segundo pavimento encontram-se a suíte e dois quartos. A segunda extrusão do volume cria um vazio que permite a ventilação nos dois banheiros do pavimento. A suíte, a leste, recebe o sol da manhã e o melhor visual do terreno. Os outros dois quartos têm fachada oeste. Na circulação foi previsto espaço para rouparia e o banheiro dos quartos possui boudoir, permitindo usos simultâneos. No sótão, as últimas extrusões recortam o telhado, criando uma sacada de um lado e uma floreira do outro, que garantem a ventilação cruzada do ambiente. Sobre a escada há iluminação zenital, que permite a entrada de luz em todo o pavimento, o qual pode ter uso de escritório, home theater, brinquedoteca, sala de música...
Apesar do sistema construtivo convencional, de alvenaria e estrutura de concreto, buscou-se aplicar elementos qualitativos para o conforto térmico e visual da casa. As telhas são metálicas tipo sanduíche brancas, reduzindo a absorção de calor; as esquadrias de alumínio são desenhadas cuidadosamente para aproveitar os visuais e as entradas de luz e calor; e o revestimento de madeira autoclavada cria uma camada de proteção e sombreamento da alvenaria, equilibrando a variação térmica dos ambientes. O resultado é um projeto compacto e eficiente que capta a essência da arquitetura do norte e faz uso da iluminação e linhas retas como peças-chave, tornando os ambientes aconchegantes tanto no inverno quanto no verão.




















                            Fotografias: Paula Morais

sábado, 19 de junho de 2021

Como as experiências de urbanismo tático podem ajudar na retomada pós Covid-19

A crise da Covid-19 trouxe a necessidade de repensar a utilização dos espaços públicos e as diferentes formas de se locomover pela cidade. Para promover o distanciamento social e responder os desafios impostos pela pandemia do novo coronavírus, muito países estão apostando nas ações rápidas e práticas do urbanismo tático. São medidas que transformam as ruas com o fechamento de vias destinadas a veículos motorizados, implantação de infraestrutura cicloviária e alargamento de calçadas, dedicando espaços para os pedestres e ciclistas se deslocarem com a segurança necessária pela cidade.

Na Nova Zelândia, o governo irá financiar Projetos de urbanismo tático, que incentivem a criação de espaços públicos mais amigáveis e acessíveis. Cidades alemãs têm remodelado as ruas com fitas e cones para criar ciclovias temporárias. Bruxelas aprovou orçamento para criar 40km de novas ciclovias além de reduzir a velocidade dos carros de 30 para 20 km/h, enquanto no Reino Unido serão investidos 13 bilhões de reais no maior plano de transporte sustentável do país. Na América Latina, Bogotá implementou 76km novos de ciclovias. Cidade do México, Lima e Quito são outros exemplos de cidades que estão abraçando essa idéia.


Urbanismo tático no Brasil

No Brasil, o ITDP tem trabalhado com prefeituras e outras organizações em diversas intervenções temporárias de urbanismo tático pela região sudeste. Essas ações têm por finalidade qualificar o espaço urbano com rapidez e economia, permitindo testar soluções de projeto e ao mesmo tempo promover uma melhor convivência entre pedestres, ciclistas e condutores de veículos motorizados. As intervenções fazem uso de materiais de baixo custo e de fácil montagem e remoção como tintas, cavaletes, cones e plantas para criar uma ambiência de uso imediato.


Em São Paulo, o ITDP apoia intervenções desde 2016. A pioneira aconteceu no bairro de São Miguel Paulista, Zona Leste. No ano seguinte, foi a vez de Santana, bairro da Zona Norte da cidade, que posteriormente implementou as medidas de segurança viária permanentemente. Em 2018, o bairro José Bonifácio também na Zona Leste, foi escolhido para ser palco de uma nova intervenção, e em 2019, o distrito Artur Alvim e a cidade de Sorocaba, foram selecionadas.

Já no Rio de Janeiro, em 2018, o ITDP Brasil e a Prefeitura do Rio promoveram uma intervenção temporária no entorno da estação de metrô de São Francisco Xavier, na Tijuca. O local foi escolhido por ser uma conexão de transporte importante da cidade, contando com estação de metrô, corredor de ônibus e estações de bicicleta compartilhada. Foram dois dias de intervenção que modificou a rua com elementos de paisagismo e sinalização removível para ampliar a segurança e o conforto dos pedestres e ciclistas. O ITDP Brasil produziu um boletim com os principais resultados dessa iniciativa.
A agilidade de implantação e a possibilidade de ajustes posteriores fazem do urbanismo tático uma ferramenta atrativa para a retomada pós pandemia, permitindo que o espaço da rua seja rapidamente redistribuído para dar mais espaço a pedestres e ciclistas.

Com o ampliamento das calçadas, é possível oferecer mais espaço para que as pessoas consigam manter a distância mínima uma das outras. A criação de ciclovias prioriza o deslocamento por bicicleta, oferece uma alternativa de deslocamento individual, ajuda a reduzir aglomeração no transporte público e consequentemente a disseminação do vírus. A utilização de vagas de estacionamento por bares e restaurantes pode tornar mais seguro o retorno das atividades econômicas do setor. Já a restrição de circulação de automóveis em vias com fluxo intenso de pedestres, além de permitir o deslocamento seguro dessas pessoas, contribui para melhorar a qualidade do ar e reduzir ruídos.

Após implantadas, as novas infraestruturas devem ser monitoradas para permitir ajustes finos e viabilizar a remodelação permanente do espaço urbano, construindo cidades mais resilientes, menos poluídas e que estimulem a mobilidade sustentável.



sexta-feira, 18 de junho de 2021

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Casa João de Barro / Terra e Tuma Arquitetos Associados, ITATIBA

O desejo do jovem casal que nos procurou no escritório era de uma casa junto à natureza para desfrutarem do tempo livre em companhia dos filhos e com espaço para receber seus amigos e familiares.
Desta maneira o projeto que desenvolvemos teve como ponto de partida a inclusão da casa em seu entorno e a paisagem. Aproveitando a privilegiada vista das montanhas e o desnível existente do terreno, foi possível implantar a edificação de forma leve e inteligente, sem necessitar de grandes movimentações de terra para sua construção.
A estratégia no posicionamento dos ambientes da casa permitiu que os quartos recebessem o sol da manhã, enquanto a sala e a cozinha compartilhassem a vista para a natureza, recebendo a entrada da luz no inverno.
O pátio central, ao se conectar diretamente com os setores sociais, amplia as áreas de convívio da casa que, somado a piscina, criam uma dinâmica que se adapta conforme as estações do ano: a “prainha” que transborda nos dias quentes ou como espelho d’água estendendo o pátio no inverno.






















                               Fotografias: Pedro Kok
 

Steve McCurry, Animals


Steve McCurry nasceu na Filadélfia, Estados Unidos, em 24 de fevereiro de 1950. Graduou-se, no início dos anos 70, em Artes e Arquitetura, pela Universidade do Estado da Pensilvânia. Logo cedo começou a trabalhar como fotógrafo em um pequeno jornal da região. Pouco depois da formatura, viajou para a Índia, onde aprimorou suas técnicas. Lá, ele aprendeu a observar e esperar o melhor ângulo. Segundo ele, “se você esperar, as pessoas vão esquecer a sua câmara e a alma do fotografado transparece.”


 Do arquivo fotográfico do célebre fotógrafo Steve McCurry, nasceu Animals, o fotolivro que retrata a intrincada relação entre humanos e animais em redor do globo. Na selecção de imagens, que a Tachen classifica de"caleidoscópica", figuram animais na companhia dos seus donos e tratadores, mas também criaturas abandonadas ou isoladas, em contexto urbano ou selvagem.
"Através da lente de Steve McCurry, descobrimos gratidão pela beleza e dignidade silenciosa de cada criatura", refere, em comunicado ao P3 a editora alemã. "Um belo travelogue e um tocante tributo a todos os bichos que partilham connosco o planeta."
A carreira do fotógrafo é marcada pela presença nos mais diversos cenários e acontecimentos históricos; não é, por isso, de estranhar a presença de imagens de camelos apanhados de surpresa por um tiroteio, em plena guerra do Golfo, ou de insólitas corridas de cavalos em terraços de arranha-céus de Hong Kong. Há uma narrativa implícita em todas elas, emoção transmitida pela natureza do laço que partilham homens e animais. Cães que dormem na rua na companhia dos donos sem-abrigo, mascotes de luxo, elefantes que são meio de transporte em longas travessias, rebanhos que pastam em cenários idílicos. A diversidade é enorme.




domingo, 13 de junho de 2021

Galeria de Arte Catuçaba / CRU! Architects, Catuçaba - São Paulo

A Galeria de Arte está localizada entre a principal fazenda (estilo colonial português) e a oca, um espaço comunitário, construído por uma tribo indígena da Amazônia, onde originalmente várias famílias viviam juntas. Situada entre a casa da fazenda colonial e o espaço comunal indígena, o projeto une estes dois estilos diferentes. Por conta disso, o design do exterior refere ao estilo colonial português, com suas paredes brancas e portas azuis, e o interior mostra um coração/núcleo indígena (sendo a estrutura de bambu). A passagem estreita, os arcos e o pátio no meio referem-se aos antigos mosteiros e por este meio tenta invocar uma sensação divina. Uma pequena fonte situa-se no centro do pátio de onde a água corre de volta para o rio. O nível do chão de um lado estende-se do edifício e parcialmente flutua sobre o rio dando ao visitante a capacidade de olhar para a Galeria de Arte à distância. A galeria é totalmente baseada na proporção áurea – a largura e a altura das diferentes partes correspondem às regras definidas pelos arquitetos gregos e romanos como Vitruvius. Ela deveria ser uma construção humilde que se encaixa no estilo colonial do entorno, mas que também se refere à oca nas proximidades. Um rosto Português com um coração indígena. Desde que a arte pode ser considerada sagrada, a linguagem espiritual em da arquitetura de mosteiros foi usada para abrigar as exposições. No sentido original, uma galeria é um passeio coberto ou uma passagem estreita e parcialmente aberta ao longo de uma parede. Ela deriva da palavra ‘galerie’ do francês antigo, "um longo pórtico" (c. 14), O termo galeria como "edifício de arte" foi usado pela primeira vez na década de 1590.
Um telhado plano de 2,9 m de altura foi previsto para evitar desnecessariamente elevar a estrutura e a manter num perfil baixo, oferecendo protagonismo à fazenda e à oca. Três palmeiras de 30 metros de altura existentes estão integradas no projeto e uma destas árvores perfura o teto. A galeria é quase quadrática (11 x 15 m), com uma passagem de 2,10 m de largura. A planta é dividida em 15 quadrados de 2,10 m x 2,10 m e cada quadrado, exceto os dois últimos, tem uma porta centralizada no meio. As colunas são colocadas fora desses quadrados em uma base de aço corten e pedra azul. As paredes consistem de tijolos reutilizados com uma argamassa de cal do lado de fora. No interior, os tijolos foram mantidos aparentes. Para a estrutura, os colmos de bambu, Phyllostachys Aurea de 50mm de diâmetro foram utilizados. Somente para os arcos uma espécie local (Bambusa Tuldoides Munro) foi usada. 
A cooperativa local de eco-construção, aperfeiçoou suas técnicas ao longo dos anos e agora é capaz de, além de construções comunitárias e habitação locais, fazer edifícios high-end que podem servir clientes de classe média e alta. Este tipo de cliente pode fornecer uma receita interessante que pode ser utilizada em salários e também em infraestrutura comunitária. Assim, poucos investimentos externos precisam ser encontrados para melhorar a sua própria infraestrutura. Na Galeria de Arte, o proprietário às vezes libera espaço para artesãos locais que podem ter uma chance de expor e vender suas obras de arte, ao lado de artistas mais conhecidos em outras ocasiões. Os arcos são conectados a uma peça de ligação na parte superior da coluna. Ao conectar os arcos, através de uma conexão 'violin, obteve-se uma forma rígida, enquanto separadamente eles ainda queriam retornar à sua forma natural. O princípio de conexão foi usado onde quatro colunas são interligadas para uma treliça colocada lateralmente, apoiada por braços de contraventamento.





































                      Fotografias: Nelson Kon