A casa Boreal está localizada em um condomínio fechado no bairro Abranches, ao norte de Curitiba. O lote, com sete metros de largura e dezoito metros de profundidade, tem casas coladas nas duas laterais. A casa foi idealizada para comercialização. A premissa dos incorporadores era criar um produto com um bom espaço externo, luz e insolação qualitativas, além de cumprir o programa básico para uma família de quatro pessoas. Buscamos criar a identidade do projeto inspirados no bairro e na história dos seus imigrantes. Baseado no desenho básico de suas antigas casas, chegamos a um volume elegante e ao mesmo tempo acolhedor, com telhado de duas águas e revestimento de madeira. A planta se distribui de maneira eficaz por três pavimentos: térreo, superior e sótão, totalizando 167,92m² de área construída.
No térreo, a garagem semicoberta para dois carros é a primeira extrusão de um volume puro, deixando a sensação de que a casa se apoia nos vizinhos laterais. O quaradouro e lavanderia encontram-se ao lado da garagem, buscando o sol da manhã e deixando o pátio dos fundos livre. Pelo acesso frontal temos um pequeno lavabo à esquerda e a cozinha aberta à direita. A escada está no plano lateral da planta, deixando a área social – composta de cozinha, sala de estar, jantar, jardim e churrasqueira – totalmente integrada, totalizando 65m².
No segundo pavimento encontram-se a suíte e dois quartos. A segunda extrusão do volume cria um vazio que permite a ventilação nos dois banheiros do pavimento. A suíte, a leste, recebe o sol da manhã e o melhor visual do terreno. Os outros dois quartos têm fachada oeste. Na circulação foi previsto espaço para rouparia e o banheiro dos quartos possui boudoir, permitindo usos simultâneos. No sótão, as últimas extrusões recortam o telhado, criando uma sacada de um lado e uma floreira do outro, que garantem a ventilação cruzada do ambiente. Sobre a escada há iluminação zenital, que permite a entrada de luz em todo o pavimento, o qual pode ter uso de escritório, home theater, brinquedoteca, sala de música...
Apesar do sistema construtivo convencional, de alvenaria e estrutura de concreto, buscou-se aplicar elementos qualitativos para o conforto térmico e visual da casa. As telhas são metálicas tipo sanduíche brancas, reduzindo a absorção de calor; as esquadrias de alumínio são desenhadas cuidadosamente para aproveitar os visuais e as entradas de luz e calor; e o revestimento de madeira autoclavada cria uma camada de proteção e sombreamento da alvenaria, equilibrando a variação térmica dos ambientes. O resultado é um projeto compacto e eficiente que capta a essência da arquitetura do norte e faz uso da iluminação e linhas retas como peças-chave, tornando os ambientes aconchegantes tanto no inverno quanto no verão.
Fotografias: Paula Morais