arquitetar

"Procurar as orgânicas,os movimentos espontâneos,isto é, compreender a natureza para depois demarcar na geografia.A construção também tem que ser uma desconstrução.É necessário reflectir e inflectir.Procurar estar na essência da geometria.Resolver, encontrar o arco, ligar dois pontos, enfrentar um projeto e uma ideia, empreender uma lógica, um mundo."

terça-feira, 25 de maio de 2021

Residência na Ilha Formentera / Marià Castelló Martínez, PLATJA DE MIGJORN, ESPANHA

Bosc d'en Pep Ferrer é o nome tradicional de um terreno de grande extensão localizado junto a praia de Migjorn, na costa sul da Ilha de Formentera. Nela existe um lugar que fomenta o desejo de habitar uma onírica panorâmica onde o horizonte somente fica recortado pela bela silhueta da Torre des Pi des Català, erguida em 1763. O projeto é criado a partir dessa dualidade entre o telúrico e o tectônico. O pesado e o leve. Terra e ar. O artesanal e o tecnológico. Esforço a compressão e resistência a tração. A rocha que aflora superficialmente no lugar escolhido foi esculpida como se fosse um escultura, oferecendo um vazio que remete às pedreiras de 'marès'. Um espaço materializado com uma só pedra. Monolítico. Megalítico. Estereotômico.
A intervenção diz respeito à uma moradia para uma família preocupada com o meio ambiente, cujo programa é repartido em três módulos leves construídos a seco e o vazio gerado pela subtração da matéria na planta inferior. Essa disposição longitudinal dá lugar a sucessões de vazio-cheio, pátios, passarelas de conexão, visões transversais e o descobrimento surpresa de um espaço esculpido pelo tempo: uma caverna natural no pátio de acesso principal que durante as obras integrou-se ao conjunto. A estrutura é facilmente inteligível e se manifesta em três camadas com níveis de precisão ascendentes: na planta inferior é evidente a inexistência de muros de contenção agregados ao substrato rochoso, assim como o aparecimento de uma pequena estrutura de concreto que regulariza o nível superior de tal planta e constitui a plataforma de apoio no térreo. No pavimento superior, como se fosse uma maquete em escala real, a estrutura bi-apoiada é evidenciada desde o interior, onde deixou-se aparente na maior parte da obra, convergindo em um só elemento (painéis de madeira laminada cruzada) várias funções: estrutura, vedação e acabamento. A nobreza dos materiais utilizados e das suas uniões estão presentes no processo de projeto e execução. Sob critérios de bioconstrução foram priorizados os de origem natural e, quando possível, do próprio lugar: rocha esculpida, cascalho da própria escavação, pedra calcária capri, madeira de pinos e abeto, painéis de algodão reciclado, mármore branco macael, pintura de silicato de alta permeabilidade, etc. Isso é revertido em vedações higroscópicas e permeáveis ao vapor d'água, que permitem um ambiente interior mais agradável com menos contribuições energéticas para um correto funcionamento. A nível ambiental, a proposta incorpora sistemas bioclimáticos passivos de comprovada eficácia nesse clima, assim como a autossuficiência de água graças à uma cisterna de grande volume que reaproveita a água da chuva.


































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