arquitetar

"Procurar as orgânicas,os movimentos espontâneos,isto é, compreender a natureza para depois demarcar na geografia.A construção também tem que ser uma desconstrução.É necessário reflectir e inflectir.Procurar estar na essência da geometria.Resolver, encontrar o arco, ligar dois pontos, enfrentar um projeto e uma ideia, empreender uma lógica, um mundo."

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Por que preservar?


Texto: Marlem Vilela

Essa pergunta está intimamente ligada a outras indagações relativas a quem se deve preservar e a que interesses devem se ater às intervenções preservadoras.
Preservar, diz o Mestre Aurélio, é livrar de algum mal, manter-se livre de corrupção, perigo ou dano, conservar, defender e resguardar.
Todas essas providências, deveriam estar incidindo sobre a totalidade do patrimônio histórico da cidade. Se um desses elementos não é respeitado dentro do conjunto se desarmoniza e se desequilibra.
Se devemos preservar as características de uma sociedade teremos forçosamente que manter conservadas as suas condições mínimas de sobrevivência implicitada no meio ambiente e nos seus costumes; para que as futuras gerações possam conhecer sua identidade cultural.
Ecléa Bosi (2003), escritora e autora do livro O tempo vivo da memória: ensaio de psicologia social, relata alguns dados inéditos da vida privada colhidos em pesquisa, “ alerta os urbanistas da necessidade de se ouvir os moradores de estarmos aberto a sua memória, que é a memória de cada rua, de cada bairro. Recuperar a dimensão humana do espaço é um problema político dos mais urgentes, diz ela.
Se levarmos em consideração, a metodologia da recuperação do patrimônio cultural, arquitetônico e histórico de Cuiabá, vê-se o descaso como são efetuados os projetos de intervenções que deveriam auxiliar no resgate dessa cultura local. Nenhuma intervenção que tenha por finalidade salvaguardar as condições físicas de um monumento poderá ser considerada como trabalho de restauração se não proporcionar ao observador a fruição plena e legítima, que permita a leitura dessa mensagem histórica.
Deve-se ressaltar que a substituição dos materiais em uma edificação histórica é uma atuação que ocorre em terceira instância.
A primeira é detectar as causas de deterioração para eliminá-las, na medida do possível. A segunda, a consolidação, é uma delicada intervenção que consiste em paralisar a perda do material.
A terceira, troca-se o material utilizado originalmente por outro de aspecto de comportamento adequado pretendendo elevar a durabilidade do conjunto, conservando o máximo o material original.
Sem um trabalho honesto, correto no seu mais alto nível profissional, em um futuro próximo teremos nossa arte, nossa cultura e nossa história substituída por inexpressivos blocos de concreto estreitando ainda mais o conhecimento das nossas futuras gerações. Falo isso por amor a cidade.

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