A paisagem que rodeia a casa é única, onde todos e cada um dos seus cantos podem ser celebrados. O projeto opta por uma estratégia dupla: construir mirantes em três pontos concretos e distantes entre si, ao mesmo tempo em que se constrói um lugar central, resguardado porém aberto ao exterior e que possui uma exposição total aos diferentes ambientes que a própria arquitetura delimita. A estratégia arquitetônica se desenvolve também por meio da materialidade do projeto: por um lado com decisões que dizem respeito à manutenção, estrutura e comportamento térmico e, por outro lado, por decisões materiais que resultam do peso visual que a arquitetura deve ter na paisagem recôndita que ocupamos.
O concreto é, sem dúvida, o ponto de partida por seu alto rendimento estrutural frente a uma topografia mutante em um dos lados da residência; é indiscutível também seu comportamento ao longo dos anos e sua baixa necessidade de manutenção. A massa térmica do material é positiva devido à amplitude térmica da região; e a incorporação de grandes vãos de aberturas cruzadas permite gerar pontualmente ventilações cruzadas que outorgam ao projeto um alto conforto ao longo dos diferentes momentos do dia e do ano.
Entretanto, o ingrediente diferencial do projeto é a aposta pela reutilização da grande quantidade de madeira das árvores que caíram na região, e obtido graças ao trabalho de condicionamento da terra circundante, onde a residência está localizada; projeta-se então o forro da moradia, que define a cobertura de todos os espaços habitáveis, tanto interiores quanto exteriores, construído com essa madeira. Entre tais vigas coloca-se uma peça cerâmica que sustentará o concreto superior que, por sua vez, consolida o plano da cobertura.
Dessa forma, surge um material de grande personalidade que constrói um plano único, com a madeira estabelecendo um ritmo muito enfático e direcional que ordenará o projeto, ao mesmo tempo em que define um módulo básico de trabalho para a definição dos espaços. A residência está pintada de preto. Essa pintura (sem corante) cria uma camada a mais de proteção pois a casa está muito exposta às inclemências do tempo, foi escolhida uma tinta sem corante pois esta tende a perder suas qualidades com o passar dos anos e a cor escolhida responde a vontade de mimetizar-se com a paisagem, e buscar um certo anonimato frente a vegetação e vistas exuberantes.
(Texto informativo pela equipe de projeto)
Fotografias: Sandra Periznieto
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